Em uma fábula curta, na qual um grupo de animais é informado de uma bela imagem que deve ser vista por um espelho, Mark Twain apresenta reflexão sobre as vistas das histórias clássicas de Esopo, que criou histórias nas quais os animais eram os principais protagonistas. Através de diálogos entre animais e situações sobre eles, ele tentou transmitir ensinamentos morais e éticos. Dessa maneira, as fábulas se tornam exemplos para o ser humano.
Título: O Estranho Misterioso, e Outras Histórias - Uma Fábula
Autor: Mark Twain
Data de lançamento: 9 de junho de 2008 [eBook #3186]
Atualizado mais recentemente: August 26, 2021
Idioma: inglês
Créditos: David Widger, Be Wolf e Donald F. Behan
Tradução Maiara Kulberg
UMA FÁBULA
Era uma vez, um artista que tinha pintado uma pequena e muito bonita imagem colocada para que pudesse ser vista no espelho. Ele disse, “Isto duplica a distância e a suaviza, e é duas vezes mais bonita do que era antes.”
Os animais da floresta souberam disso através do gato da casa, que estava agradecido e admirado por eles porque ele era tão sabido, e tão refinado e civilizado, e tão educado e de alta estirpe, e poderia lhes contar tanto quanto eles não sabiam antes, e não tinham certeza sobre o que fazer depois. Eles ficaram muito entusiasmados com esta nova história e fizeram perguntas, para o compreenderem bem. Perguntaram o que era uma imagem e o gato explicou.
“Isto é uma coisa plana”, ele disse; “extraordinariamente plana, maravilhosamente plana, encantadoramente plana e elegante. E, oh, tão bela!”
Isso os excita quase até ao frenesi, e disseram que dariam o mundo para ver isso. Então o urso perguntou:
“O que faz isso tão belo?”
“É a sua aparência,” disse o gato.
Isto encheu-os de admiração e incerteza, e ficaram mais entusiasmados do que nunca. Então a vaca perguntou:
“O que é um espelho?”
“Isto é um buraco na parede” Disse o gato. “ Você olha nisso, e lá você vê a imagem, e é delicado e charmoso e etéreo e inspirador na sua beleza inimaginável que a nossa cabeça dá voltas e voltas e quase desmaiamos de êxtase”.
O burro não tinha dito nada ainda; agora ele começa a lançar dúvidas. Ele disse que nunca tinha visto nada tão belo quanto isso antes, e provavelmente não foi agora.
Ele disse que quando olhou um cesto cheio de adjetivos sesquipedalianos* para embelezar uma coisa bonita, era momento para suspeitar.
Isto foi fácil de ver que essas questões estavam tendo efeito sobre os animais, então o gato ficou ofendido.
O assunto foi abandonado durante alguns dias, mas enquanto isso a curiosidade recomeçou, e houve um reavivar do interesse. Depois, os animais atacaram o burro por ter estragado o que poderia ter sido um prazer para eles na mera suspeita que a imagem não era bonita, sem qualquer evidencia que foi o que aconteceu.
O burro não se perturbou; estava calmo e disse que havia uma maneira de saber quem tinha razão, ele ou o gato: ia procurar no buraco e voltava para contar o que lá tinha encontrado. Os animais sentiram-se aliviados e agradecidos, e pediram-lhe que fosse imediatamente - o que ele fez.
Mas ele não sabia onde deveria permanecer; e então, por erro, colocou-se entre a imagem e o espelho. O resultado foi que a imagem não teve qualquer chance e não apareceu. Voltou para casa e disse:
“O gato mentiu. Não existe nada naquele buraco mas um burro. Não havia sinal de uma coisa plana visível. Não havia nada naquele buraco, mas um burro.Havia um burro bonito e simpático, mas apenas um burro e nada mais.”
O elefante perguntou:
“Você viu isso bem e claro?”
“Eu vi isso bem e claro, O Hathi, Rei dos animais. Eu estive tão próximo que quase lhe toquei o nariz.”
“Isto é muito estranho,” disse o elefante; “o gato sempre foi confiável antes - tanto quanto pudemos ver. Deixem outra testemunha tentar. Vai, Baloo, olha para o buraco e vem cá fazer o relatório.
“Então o urso foi. Quando voltou, ele disse:
“Ambos o gato e o burro mentiram; Não havia nada naquele buraco, mas um urso.
Grande foi a surpresa e perplexidade dos animais. Cada um deles estava ansioso por fazer o teste e chegar à verdade. O elefante os enviou um de cada vez.
Primeiro, a vaca. Ela achou nada no buraco mas uma vaca.
O tigre achou nada no buraco mas um tigre.
O leão achou nada mas um leão.
O leopardo achou nada mas um leopardo.
O camelo encontrou um camelo e nada mais.
Então Hathi ficou furioso e disse que queria a verdade, nem que tivesse de ir buscar ele próprio. Quando regressou, abusou de toda a sua subjetividade para com os mentirosos, e ficou numa fúria inapelável com a cegueira moral e mental do gato. Disse que qualquer pessoa, exceto um tolo míope, podia ver que no buraco só havia um elefante.
MORAL, PELO GATO
**Você pode encontrar num texto o que quiser, se se colocar entre ele e o espelho da sua imaginação. Você poderá não ver as suas orelhas, mas elas estarão lá.
*refere-se a algo, especialmente uma palavra, que é muito grande ou longa. Pode também descrever alguém que usa muitas palavras longas.
**As orelhas, embora não estejam visíveis, representam significados profundos, e que através de ferramentas fundamentais como a interpretação pessoal e imaginação desvendam as várias nuances do texto.
https://www.gutenberg.org/
Comentários
Postar um comentário